Cinquenta mulheres refugiadas venezuelanas concluem primeira edição do ‘Mujeres Fuertes’, em Boa Vista

Cinquenta migrantes e refugiadas venezuelanas concluíram a primeira edição do ‘Mujeres Fuertes’, em Boa Vista (RR), projeto que capacita mulheres para abrirem o seu próprio negócio na área gastronômica e conquistar uma melhor qualidade de vida.

A cerimônia de encerramento foi realizada nesta quinta-feira (17), na sede do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), localizado na Avenida Imigrantes, bairro Asa Branca – Boa Vista (RR).

A jornada de capacitação durou seis meses, abordando temas como educação financeira, empoderamento feminino, inteligência emocional, técnicas de marketing, curso de gastronomia e gestão de negócios.

Uma das beneficiadas foi Beatriz Diaz de Blanco, de 43 anos. Há três anos vivendo no Brasil, ela conta que anteriormente tinha como renda mensal R$ 500. Hoje, a renda é três vezes maior com os ensinamentos do projeto Mujeres Fuertes.

“Comprei um carrinho de cachorro quente, que vendo em frente à minha casa. Estou fazendo também panqueques, galletas  [biscoito] , bolo caseiro. Já estou implementando outras receitas com as ferramentas que nos deram no projeto. Antes eu vivia com R$ 500 por mês, isso não me bastava. Agora chego a R$ 1.000, R$ 1.300, R$ 1.500, às vezes um pouco mais”, destaca.

Outra impactada é Lucila del Carmen Ávila, de 39 anos. Mãe solo de dois filhos, chegou a viver em uma praça pública e catar latas para ter uma renda com a venda de recicláveis. Atualmente é dona da marca “Carrinhos no Caraná”.

“Comecei vendendo pipoca em um carrinho  emprestado de um senhor. Ele também alugou um quarto para eu morar com meus filhos. […]. Hoje tenho seis carrinhos de pipoca e um de churros, sendo que dois eu alugo para outras pessoas. Assim, eu consegui trazer da Venezuela a maioria da minha família para viver comigo. Então, o ‘Mujeres Fuertes’ me ajudou muito, porque eu não sabia como administrar finanças, nem cuidar de um negócio. Estou muito feliz”, compartilha.

A coordenadora do projeto, Ana Vasconcelos, comemora a taxa de aproveitamento e confirma uma segunda edição em breve. “Das 50 mulheres que iniciaram o curso, as mesmas 50 concluíram ao longo desses seis meses. O total de pessoas impactadas indiretamente é 211, com os filhos e outros membros familiares. Então, nós conseguimos 100% de aproveitamento na formação de novas empreendedoras, que, por sua vez, irão transformar a vida de outras pessoas. Mas a jornada não acaba aqui: nos próximos três meses, o ‘Mujeres Fuertes’ estará acompanhando os novos negócios para entender como anda os seus desenvolvimentos e garantir novas consultorias”, disse.

Segundo ela, a expectativa é lançar a segunda edição do projeto em outubro. Executado pela Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) de Roraima, o ‘Mujeres Fuertes’ é coordenado pela Organização da Sociedade Civil (OSC) Hermanitos, com verba oriunda de reversão trabalhista do Ministério Público do Trabalho do Amazonas-Roraima (MPT AM/RR). O projeto tem apoio do Tribunal Regional da 11ª Região (TRT 11° Região), da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), da ONU Mulheres e da Operação Acolhida.

 

Sobre o Hermanitos

A OSC Hermanitos tem como principal objetivo promover iniciativas de acolhimento, atividades culturais, empreendedorismo e a melhoria da qualidade de vida de pessoas refugiadas e migrantes venezuelanas em Manaus, por meio da inserção no mercado local de trabalho e a promoção da dignidade. Saiba mais sobre a instituição, como apoiar e seus projetos no site: www.hermanitos.org.br.

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