Jornadas de saúde incentivam vacinação entre migrantes e refugiados venezuelanos na Amazônia

Para ampliar o alcance vacinal contra a COVID-19 entre a população venezuelana de Manaus (AM), a Organização da Sociedade Civil (OSC) Hermanitos realizou uma série de Jornadas de Saúde com mutirões de vacinação. Além da vacina contra a COVID-19, também foram aplicadas vacinas de rotina e contra a Influenza.

Ao todo, foram promovidas oito Jornadas de Saúde e diversas mobilizações que resultaram em 708 pessoas vacinadas, entre venezuelanos e brasileiros.

A iniciativa foi realizada por meio do projeto “Vacina para Todos”, promovido pelo Hermanitos em conjunto com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), a Iniciativa de Novos Parceiros, Ampliando Parcerias em Saúde (NPI EXPAND) e SITAWI (Finanças do Bem).

Também recebeu apoio das Unidades Básicas de Saúde (UBS), promovendo o acesso à vacinação para pessoas refugiadas e migrantes venezuelanas, além de indígenas da Venezuela, principalmente da etnia Warao.

As Jornadas de Saúde ocorreram na sede do Hermanitos, Instituto Estendendo a Mão, Comunidade Cidade das Luzes, Igreja São José de Anchieta, Conselho Comunitário do São José 1, Pastoral do Migrante, Igreja do Evangelho Quadrangular e Igreja Missionária Deus Restaura.

Uma das pessoas que se imunizou durante a Jornada de Saúde do “Vacina para Todos” foi Victor Figueroa, de 47 anos. Ele recebeu a imunização contra a COVID-19 em março deste ano. “O principal motivo para se vacinar é a prevenção, é uma medida preventiva importante para ajudar nosso sistema imunológico a combater as doenças tropicais e, principalmente, contra o coronavírus. Assim, protejo não só a mim, mas minha família e minha comunidade”, disse o migrante.

Para complementar a iniciativa, as Jornadas de Saúde também ofereceram  serviços de bem-estar e empregabilidade, como elaboração de currículos, cadastro em plataforma de emprego, sessão informativa sobre saúde no Brasil, exames, consultas médicas e testagens (realizados em UBSs), além da entrega de kits de higiene e limpeza.

 

Mobilização

A missão de ampliar a cobertura vacinal entre venezuelanos não parou nas Jornadas. O Hermanitos continuou realizando mobilizações na UBS Vicente Pallotti, na zona Sul; Unidade de Saúde Familiar (USF) Ivone Lima dos Santos, na zona Leste; USF Dr. José Rayol dos Santos, na zona Centro-Sul; USF Leonor de Freitas, na zona Oeste;  USF Deodato de Miranda Leão, na zona Oeste; USF Luiz Montenegro, na zona Sul; USF Arthur Virgílio, na zona norte; USF Megumo Kado, na zona Sul; Clínica da Família Dr. Antonio Reis, na zona Sul; e Policlínica Dr. Djalma Batista, na zona Oeste.

 

Apoio e incentivo

“A comunidade venezuelana em Manaus entende a necessidade de promover a prevenção por meio da vacina, por isso abraçou a iniciativa ‘Vacina para Todos’”, comenta o diretor-presidente do Hermanitos, Tulio Duarte.

Duas pessoas em especial se destacaram ao apoiarem e incentivarem a realização da Jornada de Saúde em suas comunidades.

Uma delas é a cuidadora de idosos e venezuelana, Mildred Mendez, de 52 anos. Residente no Brasil há cinco anos, foi ela quem mobilizou a comunidade venezuelana do bairro Monte Sinai para participar da Jornada de Saúde.

“Minha vida melhorou muito desde quando cheguei em Manaus. Então, tenho muita gratidão e sempre participei de ações nas igrejas para ajudar os outros como podia. Sou voluntária para beneficiar meu povo, para que fiquem com saúde e tenham prosperidade como migrantes. E também para que eles sempre saibam que tem no Brasil um lugar que acolhe e ajuda as pessoas”, declarou.

Já a psicóloga Vanessa Fernandes, que atua como coordenadora administrativa e operacional do Instituto Estendendo a Mão, local que também recebeu uma Jornada de Saúde, afirma que o Vacina para Todos é de extrema importância. Pois, reforça os cuidados em saúde para a população migrante e refugiada venezuelana.

“Muitos que participaram da Jornada encontravam-se ainda com o esquema vacinal incompleto e, devido ao período das chuvas, estavam com síndrome gripal com frequência, o que acarreta prejuízos à saúde física e financeira da família, uma vez que o recurso da alimentação acabava comprometido”, relata a profissional.

Para Vanessa, além de promover a saúde, a ação do Hermanitos também estreitou os laços das instituições envolvidas com a comunidade local.

“Foi um momento de integração e troca de experiências entre brasileiros e estrangeiros. O Hermanitos e o Vacina para Todos trouxeram um serviço diferenciado e necessário ao público migrante, pois muitos não recebiam esse olhar cuidadoso ainda. Assim, estamos vendo nossos amigos venezuelanos sendo acrescidos, não apenas em saúde, mas em dignidade e promoção em garantia de seus direitos como cidadãos”, finaliza a psicóloga.

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